
Rio de Janeiro lidera ranking de denúncias de discriminação religiosa
No ano de 2016, o estado do Rio de Janeiro ficou com o maior índice de denúncia, no Disque 100, por discriminação religiosa, contando por habitante, segundo informações da Secretaria de Direitos Humanos. No total conta-se 0,49 denúncia por 100 mil habitantes em 2016.
Números de outros estados
Quem ficou em segundo lugar foi o Distrito Federal contando com 0,47 denúncia por 100 mil habitantes e 12 no total. Em seguida foi a vez de Goiás com o número de 027 por 100 mil habitantes sendo um número absoluto de 16 denúncias. Já na Bahia foram contados 37 casos, com 0,26 denúncia por 100 mil habitantes.
São Paulo está liderando o ranking quando se fala em números absolutos, contando um total de 105 casos e uma média de 0,25 denúncia por 100 mil habitantes, ficando logo atrás da Bahia.
Voltando ao Rio de Janeiro, o maior número de vítimas que sofreram discriminação religiosa foram as pessoas ligadas à umbanda com 19 casos, seguido por 18, de não informado e 15 do candomblé.
Outros números
Até o mês de setembro de 2016, o Disque 100 recebeu mais de 300 denúncias de discriminação religiosa no Brasil. Um dos relatórios, chamado de Intolerância Religiosa no Brasil 2016, foi preparado em parceria pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas – CEAP mostra que as religiões afro-brasileiras são as mais vulneráveis, já que por volta de 60% das denúncias foram realizadas por seguidores da umbanda (religião que adota o sincretismo religioso) e do candomblé.
Muitas pessoas chegam a negar que seguem religiões que contam com raízes africanas, com receio de sofreram discriminação. Acredita-se que a discriminação destas religiões está relacionada com o racismo. Os dados do Disque 100, do ano de 2016, ainda mostram que mais de 35% destas vítimas eram negros. Já o brancos correspondem a um pouco mais de 21% e os indígenas apenas 0,56%.
Intolerância Religiosa no ENEM
Essa questão da intolerância religiosa vem ganhando cada vez mais notoriedade. No ano de 2016, o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas colocou o assunto como tema da Redação do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, falando em “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.”
Dentre os resultados do exame, apenas 77 candidatos conseguiram chegar à nota máxima da redação. Em torno de 291.806 candidatos receberam nota zero ou tiveram suas provas anuladas. Deste número, mais de 46 mil saíram do tema, apresentando um dos piores resultados de Redação, da história do exame.
Manifestação
Como forma de protesto, no mês de janeiro de 2017, movimentos sociais, religiosos, coletivos culturais e artísticos, realizaram uma marcha na Avenida Paulista, com concentração no vão do Masp. O movimento foi pelo direito à escolha de uma crença, bem como por uma sociedade de respeito à diversidade, natureza e ao próximo. Alguns participantes acreditam que este ato deu a visibilidade às religiões de raízes africanas, bem como contribuiu para a autoestima de quem as segue. Eles ainda acreditam que estas religiões constituem um espaço cultural de resistência e de acolhimento para os marginalizados.
Nós da Comunidade Johni Raoni apoiamos a liberdade de escolha religiosa, assim como a opção por não ter religião alguma.
Comunidade Johni Raoni