
Empresária de doces do Paraná sofre por três vezes preconceito, no período de um mês
Em um mês, uma empresária do ramo de doces, Janete Martins, da cidade de Araucária, no estado do Paraná sofreu três vezes ataques racistas, no período de um mês.
Dia Internacional da Mulher
No dia 8 de março ela recebeu uma carta anônima, feita com recortes de jornal, papel higiênico e cascas de bananas. O pacote com papel de presente foi deixado em frente à casa dela, na madrugada. Agora, o pacote está nas mãos do Ministério Público do estado do Paraná, passando por perícia.
A carta, que continha teor racista, trazia com uma frase que perguntava se ela deveria ser chamada de fada dos doces, como é conhecida, ou fada dos macacos. Ainda dizia que ela era mulher preta e um lixo que virou lucro.
O primeiro e o segundo ataque
No dia 8 de fevereiro aconteceu o primeiro episódio quando a campainha de sua casa foi tocada por uma mulher loira. Janete revela que essa mulher fez comentários sobre a sua cor de pele, dizendo que não sabia que a doceira “era de cor” e em resposta ela disse que não era “de cor” e, sim, negra. Em seguida, a mulher de cabelos loiros entrou em seu carro e foi embora.
Já no dia 17, ainda em fevereiro, a empresária recebeu uma carta, com muitos erros de português, dizendo que ela nunca poderia ser comparada a um branco. Quando isso aconteceu, Janete entrou em contato com o Ministério Público do estado do Paraná, que no momento, investiga o caso.
Preconceito
A empresária relata que essas não foram as primeiras vezes que passou por situações de preconceito, por conta de ser negra, mas que agora, estes casos se tornaram uma ameaça. Janete sabe que às vezes as pessoas camuflam, tirando um sarro, mas não acreditava que podiam ser tão más.
A doceira não tem ideia de se mudar, com o receio de receber novos ataques, mas, quer apenas que tudo se resolva tão logo, com a identificação e punição do(a) culpado(a) e que a pessoa que esteja fazendo isso, pare. Janete se diz muito abalada, pois com tudo isso o seu emocional foi abalado. Ela suspeita que uma mulher de 32 anos seja a responsável por tudo isso.
Procurando por justiça
É preciso reforçar que qualquer pessoa que seja vítima de injuria e racismo deve procurar os órgãos responsáveis e especializados em sua cidade ou a delegacia mais próxima de sua casa para fazer a denúncia e pedir providências. Além disso, é preciso registrar um boletim de ocorrência.
No Paraná, o Ministério Público conta com um setor especializado em racismo que leva o nome de Núcleo de Promoção de Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público do Paraná.
Há ainda na cidade de Curitiba uma área especializada da Polícia Civil que atende quem passa por situações de ódio, instalado no DHPP, localizada na Av. 7 de Setembro, 2077, no bairro Central da cidade.
O estado do Paraná conta um disque-racismo que tem como número o 0800 64 20 345, onde a população pode realizar denúncias e ter orientações do que fazer em casos de discriminação e racismo. O canal de atendimento funciona das 8h às 17h e pode ser acionado de qualquer lugar do Paraná, com ligação gratuita.
Comunidade Johni Raoni