DESABAFO - Meu nome é Johni

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Este mês de março, quando se completa um ano de vida atravessada pela pandemia no Brasil, começou com o pior dos cenários. De fato, estamos no momento mais grave já experimentado. E não parece haver esperança em um horizonte próximo. As novas variantes do coronavírus, muito mais contagiosas e agressivas do que as cepas iniciais, têm impactado absurdamente a nossa capacidade já diminuta de lidar com a doença. A despeito disso, o negacionismo e o descaso continuam a todo vapor, mostrando-se em uma estratégia de vacinação incipiente e em bravatas contra as estratégias de lockdown, assumidas por prefeituras e governos estaduais à revelia do governo federal. Em paralelo à problemática conduta apresentada pelo presidente e seus ministros, a população tem, em geral, corroborado muito pouco para um combate mais efetivo à disseminação do vírus, visando o abrandamento da pandemia. Quem está na rua por motivo de trabalho, arriscando a si e aos seus pela necessidade do de pagar e do de comer, não pode ser responsabilizado pelo grave momento que vivemos, mas nada pode justificar aglomerações festivas que temos visto – primeiro, porque causa-me espanto o fato de haver uma vontade de festa enquanto o pior dos lutos, aquele que não pode ser vivenciado em sua inteireza, acomete milhares de famílias; segundo, porque se trata de uma terrível irresponsabilidade consigo próprio e com todos os demais. “Beber uma cerveja é mais importante do que proteger uma vida?”, perguntou, essa semana, entre lágrimas, o atual governador da Bahia, Rui Costa, em uma entrevista a um programa de TV local. Mesmo com uma perspectiva de crescimento na média de óbitos já registrada a partir novembro do ano passado, o que veio a ser resultado da inexplicável manutenção das eleições municipais em todo o país, as comemorações de final de ano provocaram reuniões que, se a sociedade brasileira tivesse qualquer nível de empatia e cuidado com o outro, jamais poderiam ter acontecido. O mesmo pode ser dito em relação ao período de carnaval – ainda que uma programação oficial não tenha existido, festas particulares e paredões provocaram a aglomeração de milhares de pessoas em imóveis alugados ou mesmos nas ruas. Com isso, embora cause uma tristeza sem tamanho, não provoca qualquer espanto o fato de estarmos obtendo recordes diários relativos ao número de mortes motivadas pelo coronavírus, ou de estarmos à beira de um colapso generalizado no sistema de saúde em vários estados ou a terrível imagem da instalação de containers para o armazenamento dos inúmeros possíveis (e prováveis) corpos vitimados pela covid-19. O que realmente me causa espanto, e de uma maneira que eu não consigo sequer formular a mais mínima possibilidade de explicação, é o fato de, mesmo neste cenário distópico em que nos encontramos, haver ainda gente que resista aos protocolos básicos de segurança, negligenciando-os sistematicamente, que continue falando em um suposto tratamento preventivo, a base de medicamentos sem qualquer eficácia contra o vírus e extremamente prejudicais se administrados fora do âmbito para o qual são produzidos, que se oponha à adoção do lockdown como estratégia de combate emergencial a um colapso iminente, que coloque a sua liberdade individual de ir e vir acima da saúde coletiva, em absoluto risco; gente que continua dizendo “e daí?” aos não mais 5.017 mortos, como no final de abril de 2020, mas 259.271. É isto que me assombra. Falhamos como sociedade. Não há outro diagnóstico possível.

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A LUTA CONTINUA. JOHNI VIVE!

07/03/2021 | Autor: Comunidade Johni Raoni 

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