Há tempos, as terapias para o redirecionamento sexual já não eram discutidas com tanta frequência.

No entanto, no último mês, uma decisão judicial fez com que essa questão fosse acesa novamente: a homossexualidade precisa de cura? Precisa ser revertida?

O estopim para essas considerações foi uma decisão que o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, que atua na 14° Vara do DF, tomou: ele autorizou que as instituições psiquiátricas disponibilizem as terapias que fazem a reversão sexual, coisa que está em total desacordo com o que o Conselho Federal de Psicologia já tinha decidido: não se reverte a opção sexual.

As reações do Conselho Federal de Psicologia foram imediatas: além de notas de repúdio, eles também apresentaram recurso para que a decisão de Carvalho seja revogada, conforme explica o secretário do Conselho, que se chama Pedro Paulo Gastalho de Bicalho.

O secretário até mesmo deu uma entrevista para um importante jornal, o El País, explicando como a oferta desse tipo de terapia pode prejudicar os pacientes, inclusive causando um retrocesso. A resposta dele para os que concordam com o juiz é que os psicólogos nunca deixaram de esclarecer aos pacientes algumas questões sexuais, mas que a reversão sexual é algo que não se pode oferecer porque é enganosa.

De acordo com Bicalho, o que ocorreu é que a Resolução 01/99, que é do Conselho Federal de Psicologia, teve a sua interpretação modificada pelo juiz. Essa é a resolução que garante que os psicólogos darão essa forma de terapia e são 23 os profissionais que levaram à Justiça uma ação popular. O desejo deles, e do próprio Conselho Federal, é que o juiz suspenda o que decidiu.

Uma questão que o jornal El País mencionou na entrevista é que as pessoas que concordam com o juiz dizem que, agora, os indivíduos com problemas de identidade sexual poderão ser orientados. No entanto, Bicalho rebate dizendo que a resolução 01/99 não proibia os terapeutas de orientarem nesse quesito, mas sim que eram instituídos alguns limites éticos.

Outra questão da entrevista era que existem pessoas que desejam, sim, a reversão sexual. A resposta de Bicalho é que o Conselho Federal de Psicologia não pode impedir que o cidadão faça isso, embora tenha considerado “triste” o fato de o ser humano desejar essa forma de tratamento. Até agora, a resolução do juiz Carvalho continua válida.

Entendemos que, atitudes como estas são um atentado às liberdades de escolha. Vivemos numa época que se caracteriza pela diversidade. Portanto, decisões como estas do juiz não refletem mais o novo perfil da sociedade em que vivemos. Bem-vindos (as) ao novo mundo!

Comunidade Johni Raoni