Um relato digno de divulgação - Meu nome é Johni

Meu nome é Johni
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Um relato digno de divulgação

Um relato digno de divulgação

São muitas as histórias que experimentei junto ao meu filho Johni. Uma delas aconteceu aproximadamente há 3 anos em plena Rua Teodoro Sampaio em Pinheiros, São Paulo, quando sem esperar Johni encontra um famoso neonazista conhecido como Tubarão, em que aparece acompanhado por uma mulher. Num certo momento, este indivíduo sai de uma agência do Unibanco e ao cruzar com o Johni, já começou a falar de forma agressiva e a proferir ameaças – por que o Johni estava olhando para ele. Continuávamos a descer a Teodoro Sampaio, quando o Johni começou a discursar para os pedestres que por ali passavam. Eu interpretava aquilo como uma provocação, no bom sentido do termo, para estabelecer um diálogo, um debate. Ele falava em voz alta: “Fale para estas pessoas o que você pensa dos nordestinos que vivem em São Paulo, dos negros e dos homossexuais. E sobre a sua admiração pelo nazismo.” Nisto o Tubarão começou a ficar cada vez mais irado e respondia: É isto mesmo, eu tenho tatuagens por todo o corpo que revelam tudo isto e daí? O que você tem a ver com isto?

E nisto continuamos andando pela Rua Cunha Gago, onde o neonazista ameaçava pegar uma arma em sua casa que, pelo visto, era ali próximo. Eu tentava apaziguar a situação, chamando o Johni para fora da linha de fogo. A estas alturas até a moça que o acompanhava já não estava mais junto dele.

Ao relembrar esta situação, eu fico a pensar: O que move uma pessoa a comportar-se deste jeito, se expondo ao perigo? E eu só encontro uma única resposta: Pelo desejo de denunciar e pôr em questão, atitudes inadmissíveis em pleno século XXI- preconceitos e discriminações; o desejo de mudar o mundo. Só isto pode nos fazer entender manifestações de coragem como esta. E o que mais nos entristece é saber que indivíduos como o Tubarão continuam pelas ruas, intimidando pessoas inocentes em plena luz do dia e defendendo seus ideais racistas. Enquanto isso o Johni já não está mais aqui para debater com estas pessoas, ou pelo menos desmascará-las em praça pública.

Patricia, mãe de Johni.

Em apoio ao movimento: Johni Vive e justiça contra os culpados pela tragédia de 03 de setembro de 2011.

05/02/2014 | Autor: Comunidade Johni Raoni

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